O Idoso fragilizado está suscetível ao desenvolvimento das chamadas síndromes geriátricas, manifestações clínicas de diferentes órgãos e sistemas resultantes de um somatório de fatores da interação do processo de envelhecimento com o meio, são um grande desafio para quem lida com este grupo etário. Entre estas síndromes, figuram as Úlceras por Pressão (UP), lesões de pele comuns em pacientes restritos ao leito, conhecidas popularmente como escaras. As UP podem estar presentes entre os idosos residentes em Instituições de Longa Permanência (ILPIs,) e domiciliados, chamando a atenção não só pela instalação de forma rápida e dificuldade de manejo, como também pela inexistência de um protocolo a ser seguido para a prevenção do problema. Embora existam várias revisões de diversos comitês e painéis sobre UP, o foco é quase exclusivo a pacientes agudamente enfermos internados em ambientes hospitalares. Sua presença demonstra que as UP acometem também aquelas pessoas que se apresentam cronicamente doentes e, por algum motivo, reúnem os fatores de risco necessários para desenvolver esta afecção. Com o objetivo de contribuir para a educação dos cuidadores de idosos, visando a prevenção de UP entre idosos institucionalizados.
Os cuidados referentes as ulcerações devem ser item essencial no planejamento e nas ações de cuidado em ILPIs, já que podem para os idosos, trazer um alto risco de adoecer gravemente e também elevar os índices de mortalidade; para os cuidadores, acarretar uma sobrecarga nos cuidados diários e exigir mais recursos para o tratamento. Por meio do entendimento dos fatores que predispõem o surgimento destas lesões, pode-se agir ativamente na prevenção.
A UP é definida como a ferida na pele e nos tecidos moles situados logo abaixo dela, causada pela falta de circulação de sangue. Deste modo, não há nutrientes para a pele se manter saudável. Os fatores que levam a este corte no suprimento de sangue são principalmente: o peso do próprio corpo do paciente (pressão) e as lesões dos tecidos causadas pela manipulação inadequada (cisalhamento e atrito) na hora da acomodação na cama ou mesmo durante a troca das roupas. As áreas mais acometidas são aquelas regiões em que as proeminências ósseas ficam logo abaixo da pele, não havendo proteção de camadas de tecido muscular e de gordura, conforme apresentado na figura abaixo.
A UP é um mal que pode ser prevenido com rotinas de cuidados diários e gerais com a pessoa idosa, especialmente em ambientes de ILPIs, pois há cuidadores disponíveis em tempo integral. Várias pesquisas têm sido feitas sobre UP e todas afirmam que o melhor remédio para o problema é a prevenção para evitar seu aparecimento. No entanto, os guias que orientam como prevenir UP são sempre direcionados aos profissionais da saúde que trabalham principalmente em enfermarias e unidades de terapia intensiva dos hospitais. Este é o primeiro guia brasileiro, confeccionado diretamente para os cuidadores de idosos que trabalham em ILPIs, visando contribuir com sua nobre tarefa de garantir melhor qualidade de vida para os idosos que estão sob seus cuidados. As pessoas idosas são muito gratas a quem as ajuda. Isso eleva sua autoestima e as ajuda a viver e conviver com a família e com a equipe de cuidadores de um modo mais digno e saudável. Cuidar é antes de tudo um ato humano. O bom cuidado e os bons tratos são atos de amor e de responsabilidade.
Quais pessoas podem desenvolver mais facilmente estas lesões? Os IDOSOS que apresentam um ou mais dos fatores de risco descritos:
Idade avançada: Quanto mais idosa a pessoa, maior o número de mudanças no seu corpo que predispõem ao aparecimento de UP: o envelhecimento da pele provoca seu espessamento e aumento das rugosidades (pregas em todo corpo), além de reduzir a ação das glândulas que produzem a umidade e as gorduras naturais da pele. Estas alterações aumentam o atrito da pele sobre os tecidos da cama, facilitando o surgimento de ferimentos.
Mudança da mobilidade: Pessoas idosas naturalmente têm maior dificuldade de andar. Algumas, por motivos de doenças, estão com a mobilidade prejudicada ou até mesmo ausente. Estas situações acarretam na necessidade de ajuda de um cuidador para sair da cama ou da cadeira.
Imobilidade: Há pessoas que estão acamadas por uma doença aguda, como uma perna fraturada. Existem outras com doenças como um derrame grave ou demências, que ficam restritas à cama para o resto de suas vidas. Estas situações são chamadas de imobilidade. Alterações do nível da consciência ou da cognição: a consciência é o estado mental que nos mantêm alertas. Se alterada, há confusão, sonolência e até mesmo o estado de coma. Já a cognição é o que mantém as pessoas orientadas, lúcidas e independentes. Quando a consciência
ou a cognição estão alteradas, as pessoas ficam dependentes da ajuda de cuidadores. Isto engloba os quadros de doenças degenerativas do cérebro, como a demência de Alzheimer, e os idosos que usam medicamentos que atuam no sistema nervoso central como os sedativos. Problemas circulatórios: as alterações da circulação sanguínea atrapalham o correto fluxo do sangue para os tecidos prejudicando a sua oxigenação. Quando pressionados, estes tecidos demoram mais para recuperar a coloração rosada. Isto indica que o sangue não está circulando bem. Estes problemas acometem as pessoas que têm doença circulatória, diabetes, doenças pulmonares ou infecções generalizadas.
Incontinência urinária: a perda involuntária de urina nas pessoas idosas, pode variar desde pequenos escapes de urina até o esvaziamento total da bexiga, e pode provocar aumento da umidade nas roupas íntimas ou mesmo nos protetores absorventes. A urina possui substâncias químicas que irritam a pele, além da própria umidade ser agressiva para a pele local, expondo a macerações e predispondo o aparecimento de UP. Incontinência fecal: a falta de controle do esfíncter anal e a perda involuntária das fezes prejudicam a higiene e predispõem a infecções, além de irritar a pele e facilitar a ocorrência de feridas que levam à formação de UP.
Sudorese aumentada ou diminuída: fatores como estados febris ou excesso de roupas podem levar uma pessoa a suar em excesso. O suor excessivo aumenta a umidade da pele, tirando sua proteção natural. O contrário, porém, também é prejudicial, uma vez que a falta de hidratação leva ao ressecamento da pele. Estas duas situações são nocivas e facilitam o aparecimento das UP. Alteração da sensibilidade da pele: doenças dos nervos, como diabetes e deficiências de vitaminas, diminuem a sensibilidade para sentir a dor, a pressão sobre a pele, a sensação de umidade e as pregas das roupas. Esta perda da sensibilidade pode acarretar em lesões graves, principalmente nas saliências ósseas. Higiene inadequada: a higiene é um dos principais componentes da saúde da pessoa. A deficiência deste aspecto dos cuidados pode predispor as pessoas a situações diversas de risco. Cabe ao cuidador primar pelo estado de higiene do idoso incapaz de realizar seu próprio banho. Desnutrição ou sobrepeso: as pessoas que apresentam modificações importantes nas suas condições nutricionais ficam mais expostas a doenças. A lesão e a cicatrização dos tecidos cutâneos estão muito ligadas ao estado nutricional. Deve-se sempre ter em mente acompanhar a maneira como o idoso vem se alimentando, criando um alerta quando há mudança de quantidade de nutrientes ingeridos por refeição.